sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Destoar

Faz tempo que não venho aqui. Não sei nem o que tô fazendo aqui. Na verdade eu sei. Tive um sonho que eu acho que tá tentando me dizer algo e não quero esquece-lo (pra poder levar pra terapia na segunda). Ah é, agora sou uma pessoa que faz terapia. Como as balsaquianas dos blogs que eu lia lá em 2006. Acho que é isso que é, dentre outras coisas, ser adulto, afinal. Se tornar responsável pelas suas características e mudar alguns mal hábitos que te fazem mal e/ou fazem mal ao outro... Enfim, o post nao é sobre terapia. Vamos ao sonho.

(para deixá-los a par do contexto, abro esses parêntesis. O ano é 2020, pandemia começa em Março. Em Abril vou para casa da minha namorada para dar continuidade à quarentena, casa essa onde moravam mais três pessoas além da minha namorada, um casal e mais um cara, dono da casa. Esse casal já morava lá há quase um ano, sempre foram muito gente boa, sugeriam frequentemente noites de jogos, queijos e vinhos, etc mas nunca abriram muita brecha para uma real aproximação... Pelo menos esse era o sentimento que tínhamos. Com a pandemia, todos os 5 presos em casa, isso foi mudando beeeem aos poucos, mas eu já conseguia enxergá-los melhor e acho que a recíproca era verdadeira. Bem, também com a pandemia e 5 adultos presos em casa, dois casais e um solteiro, rolaram alguns desentendimentos. Talvez uns dois grandes, o segundo não acarretando, mas alavancando a mudança dos dois casais da casa. Acontece que a mudança tanto da nossa parte quanto da parte deles ocorreu muito rápido. Não houve um fechamento, não teve um tchau nem nada por alguns motivos. De certa forma ninguém fez muita questão, o clima já não tava legal há uma semana mais ou menos. Maaaas ainda me são pessoas queridas e eu sou muito trouxona com conhecidos no geral. De vez em quanto me pego pensando neles, penso em chamar pra vir na nossa casa tomar um café, jogar alguma coisa, sei lá... Mas acho que só vou acabar sendo trouxa mesmo. Enfim. Esse é o contexto. Vamos para o sonho - novamente)

No sonho, minha namorada e eu ainda morávamos com esse outro casal. Eu não entendia muito bem o porquê, já que eles sempre pareceram querer o espaço deles. Em algum momento do sonho eu lembro de me perguntar se eles não tinham conseguido morar só os dois juntos, por que na vida real eles brigavam bastante... Mas enfim, eles moravam lá. A mulher do casal é freelancer, então estava trabalhando em casa, mas o homem do casal, que também está trabalhando de casa devido a pandemia,  estava cada vez menos por perto. E eu me perguntava se eu tinha feito alguma coisa (como muitas vezes acontecia quando do anda tava um climão na casa), mas não lembrava de nenhuma discussão. A mulher (que eu vou chamar de Marcela pra facilitar, apesar de eu nunca ter usado pseudônimos aqui) também estava meio estranha, mais distante que o normal. Cheguei a perguntar à minha namorada se ela sabia de algo, mas ela respondeu com "ah, são assim mesmo, não conhece?". Então vida que seguiu... Em algum momento saio do quarto e me deparo com uma intervenção na sala. Estava meu irmão (?), Marcela e José (sim, cheia de pseudônimos) na sala me esperando. Minha namorada não estava em casa. Fiquei intrigada. Marcela começou a dizer que precisavam falar comigo, que era importante, que não dava pra ficar do jeito que está. José e meu irmão concordavam com a cabeça... Ela, então, artista como é, me perguntou se eu não me importava dela usar uma metáfora da área de atuação dela (na vida real também é cheia das metáforas). Eu disse que não, claro, e que tava aberta a críticas construtivas. Ela, então, diz que eu "não estava parecendo com a minha paleta de cores" que algo estava destoando, que eu não parecia mais com o a minha cor. Acordei intrigada.

Não sei o que isso quer dizer. Não sei que parte de mim não está se reconhecendo (mas também não sei até onde eu me conhecia), não sei se estou só mudando e vejo que as pessoas estão percebendo (mas mudar é ok), não sei se é só esse sentimento de que a última briga foi bem direcionada à minha namorada e, claro, resvalou em mim e não me sinto confortável de tentar uma aproximação com eles mas ao mesmo tempo acho que a Hanna do passado tentaria mesmo quebrando a cara...

Claramente não sei de muita coisa, mas senti que precisava escrever. Acho que faz bem.